A crença de que a maternidade impede o avanço profissional das mulheres ainda é um grande obstáculo para sua inclusão no mercado de trabalho. Apesar disso, um número crescente de mulheres está se dedicando a desenvolver suas carreiras após a maternidade. No entanto, o ambiente corporativo ainda não se ajustou a essa nova realidade.
Um estudo recente, “Aldeias do Cuidado”, realizado pelo ateliê de pesquisa Apoema em parceria com a MindMiners e a consultoria Maternidade nas Empresas, revela que 54% das mães entrevistadas não receberam promoção, em comparação com 48% dos pais. Além disso, 42% das mães relataram ter perdido oportunidades de carreira, enquanto apenas 27% dos pais compartilharam dessa percepção.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022 corroboram essa situação: apenas 50% das mulheres com filhos pequenos estavam empregadas no mercado formal, enquanto 66% das mulheres sem filhos tinham emprego. Para os homens, a realidade é diferente, com 89% dos pais de crianças até seis anos empregados. Essa desigualdade é ainda mais pronunciada entre mães negras e pardas, o que contribui para a perpetuação de ciclos de pobreza.
A sobrecarga com tarefas domésticas e cuidados, muitas vezes não remuneradas, limita as oportunidades de mulheres desde a juventude. De acordo com dados recentes, cerca de 7 milhões das 10,8 milhões de jovens brasileiras que não estudavam nem trabalhavam eram mulheres, frequentemente sobrecarregadas por responsabilidades familiares. Mães solo, que totalizam mais de 11 milhões de mulheres, enfrentam dificuldades ainda maiores, especialmente as de origem negra.
A falta de creches públicas e o acesso limitado à educação superior impactam diretamente essas mães. Em 2022, mais de 2 milhões de crianças de até 3 anos estavam sem acesso a creches. Isso resulta em menores chances de formação acadêmica e, consequentemente, de melhores perspectivas profissionais. Como resposta a essas limitações, muitas mulheres recorrem ao empreendedorismo, com quase metade dos microempreendedores individuais do Brasil sendo mulheres.
A precarização do trabalho feminino no Brasil é um problema histórico. Apesar das legislações que garantem direitos fundamentais, a desigualdade salarial entre homens e mulheres permanece. Mesmo com uma lei de igualdade salarial em vigor desde 1988, a remuneração feminina continua sendo inferior à dos homens.
Para mudar esse cenário, é fundamental que as empresas reconheçam e valorizem a maternidade, transformando-a de um obstáculo em uma oportunidade.